quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A CENSURA DAS DITAS SALAS

A CENSURA DAS DITAS SALAS

 

Pedro Wellington Alves da Silva

 

            O trabalho de um professor é prazeroso, pois tem sob sua responsabilidade mentes ansiosa por conhecimento, pelas experiências que este nobre profissional tem a lhes oferecer. E seu ofício se torna ainda mais prazeroso, quando tem a chance de aprender com seus alunos, porque estes ainda que em fase de aprendizagem também já tem algo a ensinar. No entanto nas salas de aula o silêncio é cada vez mais freqüente quando se trata de assuntos sérios que necessitam de uma reflexão maior.

            A interação tão desejada entre aluno e professor parece estar desaparecendo. O dia-a-dia nas salas se dá com monólogos discursando para um público que apenas os escuta. Há quem diga que esse silêncio é herança do regime militar ocorrido no Brasil, período onde as ideias eram impostas sem o menor questionamento e qualquer um que o fizesse era tido como subversivo e pagaria caro por isso. Esse período obscuro da história brasileira foi marcado pela intolerância com que os ideais contrários ao regime eram combatidos bem como pela censura, que era uma forma de nem sequer deixar que tais ideais fossem proclamados.

            A ditadura foi superada, no entanto esse medo de manifestar uma opinião ainda permanece vivo no intimo da sociedade. E até mesmo nas universidades, locais que por tradição são berço de debates e novos questionamentos, o silencio se faz presente. Até mesmo quando é aberto o espaço para opiniões, sendo o tema algo simples, se percebe uma hesitação para pronunciamentos.

            Nesse meio em que se aprende sem quaisquer questionamentos, se escuta sem dizer uma só palavra, aqueles que decidem não silenciar são mal vistos. Ainda que exercendo o direito de manifestar sua opinião, aqueles que têm a coragem de ter uma posição crítica são criticados silenciosamente por os que julgam desnecessária a tentativa de saber o motivo das coisas serem tal como o são. Dispensando até mesmo a esperança de mudar algo que é descaradamente incorreto, com o pretexto de que "é assim mesmo".

Transmitir um conhecimento sem questionamentos parece algo irracional, visto que ao passo que a sociedade evolui certar práticas passam a ser consideradas incompatíveis com a atualidade. O problema se dá quando essa revisão das condutas praticadas e transmitidas durante décadas demora para ocorrer.

Portanto os ambientes educacionais ficariam muito mais calorosos com debates construtivos, não havendo qualquer sombra de uma censura que há tempos assombrou o país, mas hoje não é mais tolerada. E que não sejam os próprios beneficiados por essa liberdade os que a ameacem dando possibilidade ao ressurgimento da censura, a princípio nas salas de aula, mas em seguida onde quer que o silêncio o permita.  

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